Bando de Jecas homenageia a Quixabeira da Matinha no Bando Anunciador



Por: José Barreto Jr.

"Alô meu Santo Amaro! Eu vim lhe conhecer, eu vim lhe conhecer!”. Difícil encontrar alguém, pelo menos em Feira de Santana e na própria Santo Amaro, é claro, que tenha no mínimo uns dez anos de idade e não conheça esses versos de um samba de roda bem popular do grupo Quixabeira da Matinha, versos também gravados por artistas reconhecidos mundo afora, a exemplo da santo-amarense Maria Bethânia. Quem nunca ouviu o samba citado vai ouvir durante o desfile do Bando de Jecas no Bando Anunciador da Festa de Sant’Ana, que começa no alvorecer do domingo (8) com concentração na Praça da Matriz e presença de integrantes do grupo musical. É que 55 jecas bandoleiros, através de suas vestimentas e estandartes, irão homenagear a Quixabeira da Matinha, que neste ano está completando 29 anos de existência.

Um pouco sobre a Quixabeira da Matinha:


Fundada por Coleirinho da Bahia e com nome que faz referência a uma árvore resistente da caatinga e ao distrito de origem quilombola em Feira de Santana, onde o grupo foi criado, a Quixabeira da Matinha hoje é liderada pelo vocalista Guda Moreno e Dona Chica do Pandeiro, filho e viúva do seu criador. O grupo já se apresentou em outros municípios baianos, a exemplo de São Francisco do Conde, e outros estados brasileiros, por exemplo São Paulo. Com isso, a Quixabeira da Matinha reforça o valor da cultura popular e mantem viva a sua ancestralidade, alguns dos motivos pelos quais o grupo vai ser homenageado.

           Um pouco sobre o Bando de Jecas:

Tudo começou através da estilista feirense e design de moda Flávia Sacramento, que no ano de 2014 se juntou a alguns amigos, entre eles Tércia Souza, para formar um grupo e participar mais ativamente da festa que anuncia a abertura das celebrações à padroeira feirense Senhora Sant’Ana e é organizada pelo Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca). Porém mais pessoas se interessaram e no fim das contas 18, entre crianças e adultos, foram pra rua trajando roupas em tecido com estampa listrada, que fazia referência ao Malandro Carioca. 


Em 2015 a estampa xadrez do figurino dos bandoleiros deu vida ao Jeca, o homem da roça. Os Ciganos foram a inspiração da roupa no ano de 2016, quando o grupo conseguiu uma charanga “emprestada” para desfilar. Em 2017, através dos figurinos e adereços, 35 bandoleiros levaram a cultura hippie para o cortejo e, por conta das suas caracterizações, foram muito elogiados pelas pessoas ao longo de todo o percurso, onde contaram novamente com a charanga alheia. Com cada vez mais participantes a cada edição, o Bando de Jecas vai para a rua no próximo domingo com 55 pessoas vestindo roupas feitas de chita, tecido usado nas vestimentas dos integrantes da Quixabeira da Matinha, e, tudo indica, com charanga “emprestada” outra vez. 
Desde o primeiro ano todas as criações são assinadas e cuidadosamente confeccionadas por Flávia Sacramento. O grupo foi batizado de Bando de Jecas numa homenagem ao homem do campo, ao caipira. O nome também tem inspiração no Bar Jeca Total, lugar onde ocorreram as conversas iniciais para a criação do grupo e que reúne fazedores/apreciadores da cultura, em especial da cultura feirense. E falando em bar, após o encerramento do desfile, como de costume, os integrantes do Bando de Jecas irão se reunir no bar onde tudo começou pra tomar umas cervejas geladas, degustar uma feijoada e repor muitas energias.

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