Com igreja lotada, 1ª Missa Afro é realizada em Feira de Santana.
Em uma noite de muita emoção e fé foi realizada na última sexta-feira (30/11), a 1ª Missa Afro de Feira de Santana. Presidida pelo arcebispo metropolitano de Feira de Santana, Dom Zanoni Demetino Castro e auxiliada pelo padre José Paulino que é vigário da Paróquia de Todos os Santos no bairro da Queimadinha a cerimônia contou também com a presença de autoridades políticas e religiosas, além da comunidade local.
A missa é a celebração do mistério, da vida, da morte e ressurreição de Jesus e neste ministério que nos celebramos, nós trazemos a vida concreta das pessoas. Nosso povo, em maioria absoluta é Afrodescendente, foi um povo que foi arrancado de sua terra e trazido para esse Brasil continente para serviço escravo, na lavoura, na mineração e tudo mais. A vida dessas pessoas e seu sofrimento têm a ver com a nossa historia e é isso que nós colocamos no altar na noite de hoje". Disse o arcebispo Dom Zanoni.
Lideranças das religiões de matriz africana, evangélicas, católicas e do movimento negro, cantaram, dançaram e celebraram a vida e morte de Zumbi dos Palmares, assassinado em 1695, no Quilombo dos Palmares, Capitania de Pernambuco, que hoje pertence ao Estado de Alagoas. A celebração da missa afro foi alusiva ao Dia 20 de Novembro, Dia de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra e marcou o encerramento do Projeto Novembro Negro Moviafro que está na 3ª edição.
Val Conceição, idealizador e um dos organizadores da missa afro, e que também coordena a Associação Cultural Moviafro, afirma que um dos objetivos do movimento é lutar contra qualquer tipo de discriminação e intolerância e a missa afro é uma das formas de combater a intolerância religiosa. O Moviafro, a cerca de quatro anos, vem desenvolvendo ações de empoderamento da mulher e do homem negro, contra o racismo, contra o preconceito e a intolerância. Em dezembro, encerraremos as nossas atividades no ano de 2018 anunciando a criação do Núcleo Moviafro de Mulheres Negras e lançando a nossa agenda para 2019. Afirma o líder do Moviafro.
Padre Paulinho, ressaltou a luta contra o racismo por outras lideranças negras no Brasil e no mundo, como o ativista dos Estados Unidos, Martin Luther King, pastor da Igreja Batista que lutou pela igualdade racial. Nelson Mandela, o mais poderoso símbolo mundial da luta contra o Apartheid, regime segregacionista da África do Sul, ganhador do Nobel da Paz em 1993 e é conhecido como o Pai da Pátria em seu país e primeiro presidente negro da África do Sul. Dandara dos Palmares, uma guerreira na luta pela liberdade do povo negro no Brasil e Malcolm X é um dos expoentes máximos da luta em favor da igualdade racial e pela libertação do povo negro, na qual combateu a estrutura racista sociopolítica dos EUA.
Ao final da celebração, todos os presentes demonstravam sorrisos de contemplação e alguns não conseguiam segurar as lágrimas por terem vívido o suficiente para assistirem uma missa desta natureza, disse a senhora Hildete Pereira, devota de Nossa Senhora Aparecida e do Senhor do Bonfim e que há cerca de 50 anos frequenta as celebrações nas principais igrejas da cidade. Ainda segundo ela, a realização da missa afro deveria ser mensal pois assim, seria fortalecido o combate a intolerância religiosa.
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