4º Encontro Moviafro de Mulheres Negras 2020


O Encontro Moviafro de Mulheres Negras é uma das atividades anuais desenvolvidas pelo NUMNEGRAS - Núcleo Moviafro de Mulheres Negras, com o intuito de reunir pessoas para dialogar sobre diversas questões como, por exemplo: Saúde, Educação, Religiosidades, Segurança, Lazer, Trabalho e Estética Negra com lentes nas categorias de análise: Raça, Classe e Gênero. Em toda esta encruzilhada, reúnem-se em uma mesa especial denominada "Mesa Tereza de Benguela", mulheres negras de Feira de Santana e região onde expõem seus pensamentos, suas reflexões e proposições em prol do avanço dos movimentos negros no município e torna visíveis as lutas das mulheres negras, desde o período escravocrata até os dias atuais.
O Encontro Moviafro de Mulheres Negras, existe por que fortalece a luta pela igualdade racial e pela equidade de gênero, principalmente em um contexto onde a desigualdade é alarmante e acomete de forma de mais agressiva as mulheres negras. A visibilidade das mulheres negras no interior da Bahia tem avançado paulatinamente, porém é necessário avançar mais e o encontro anual promove essa visibilidade através do lugar de fala, mulheres de diferentes gerações e moradoras de bairros distintos, inclusive nos anos anteriores as participantes conseguiram expressar suas indignações, sua lutas, seus questionamentos e ampliaram a rede de afeto e solidariedade entre elas mesmas.
Barradas dos meios de comunicação, dos cargos de chefia e do governo, elas frequentemente não se vêem representadas nem nos movimentos feministas de seus países. Isso porque a desigualdade entre mulheres brancas e negras é grande: no Brasil, mulheres brancas recebem 70% a mais do que negras, segundo a pesquisa Mulheres e Trabalho, do IPEA, publicada em 2016. Há 25 anos, um grupo decidiu que a solução só poderia surgir da própria união entre mulheres negras.
Assim como o Dia Internacional da Mulher(comemorado em 8 de março), o 25 de Julho não tem como objetivo festejar: a ideia é fortalecer as organizações voltadas ás mulheres negras e reforçar seus laços, trazendo maior visibilidade para sua luta e pressionando o poder publico.

FINALIDADES
Resgatar as memorias das mulheres que lutaram na linha de frente e conquistaram, direitos na história;
Romper com a invisibilidade das pessoas negras atuantes nos movimentos pelos direitos das mulheres;
Reivindicar condições de trabalho dignas, sem ameaças e assédio moral, principalmente no contexto do trabalho doméstico onde as mulheres negras compõem a maioria de trabalhadoras do lar (61,7%);
Ampliar o debate sobre o emprego formal, a boa colocação e o ingresso no ensino superior que são dificuldades típicas daquelas que possuem a pele negra;
Construir alternativas em relação as triplas jornadas de trabalho vivenciadas pelas mulheres negras;
Fortalecer a luta pelo acesso digno á saúde, pelos direitos reprodutivos e o aborto, reduzindo as desigualdades, negligencias e violências obstétricas;
Despertar a comunidade local sobre as violências domesticas e sexuais vivenciadas pelas mulheres negras de Feira de Santana e região;
Fomentar a ifgualdade na mídia, reduzindo a lacuna e questionando os padrões socializados de corpo, imagem, estética, impulsionando outras formas de existência;
Encorajar as mulheres negras a ocuparem seus lugares de direito dentro do movimento negro, resistindo ao machismo severo.
ENCONTRO x PANDEMIA
Diante do quadro de pandemia do novo coronavírus, diversas atividades foram adiadas, canceladas e outras precisaram se adaptar, esse foi o caso do Encontro Moviafro de Mulheres Negras, que nesta 4ªª edição ocorreu de forma remota, através de uma das plataformas utilizadas por grande parte da população. Durante a semana de 20 a 25 de julho, o NUMNEGRAS, realizou lives com mulheres negras que foram convidadas especialmente para comporem a mesa temática e debaterem assuntos intrinsecamente ligados a todas mulheres negras.

Esta edição trouxe como tema central: "MULHER NEGRA, PROTAGONISMO E RESISTÊNCIA" e durante a semana foram discutidos os seguintes sub-temas:
  • A população negra e o contexto da pandemia com Dilvana Souza;
  • Jovens Negros e o mercado de trabalho com Rebeca de Jesus;
  • O acesso e a permanência da mulher negra no ensino superior com Hely Pedreira e Karine Damasceno;
  • Territórios conquistados pelas mulheres pretas a partir da luta pela descolonização com Denise Medeiros e Lene Costa;
  • A mulher negra na produção cultural e seu protagonismo no afroempreendimento com Luciana Silva;
  • O desafio do afroempreendedorismo feminino, antes e durante a pandemia com Sueli Conceição, além de:
  • Mulheres negras em cena com Keu Costa e Marcinha Costa, que está representando o Núcleo Moviafro de Mulheres Negras no Prêmio Cultura e Desenvolvimento Local, promovido pela Belgo Bekaert/ONG Favela é Isso Aí, através da Lei Federal de Incentivo a Cultura em Feira de Santana.
As mediações ficaram por conta das coordenadoras de núcleo, Suellen Amaral (NUMNEGRAS) e Keu Costa (NUMTEP).


Pesquisa e Texto: Suellen Amaral - Coordenadora do Núcleo Moviafro de Mulheres Negras
Imagens: Associação Cultural Moviafro


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O negrume da noite, reluziu o dia. Ilê Aiyê e Cortejo Moviafro, fazem história na micareta de Feira de Santana.

A Moviafro é uma mulher preta.

Núcleo Moviafro de Teatro Preto, busca equidade nos palcos.