Núcleo Moviafro de Teatro Preto, busca equidade nos palcos.

 


Em 1944, surge no estado do Rio de Janeiro, o Teatro Experimental do Negro. Idealizado por Abdias do Nascimento (1914/2011), o TEN nasce com a proposta de valorização social do negro e da cultura afro-brasileira por meio da educação e arte, bem como com a ambição de delinear um novo estilo dramatúrgico, com uma estética própria, não uma mera recriação do que se produzia em outros países. Alguns anos antes, aflorara em Abdias uma inquietação perante a ausência dos negros e dos temas sensíveis à história da população negra nas representações teatrais brasileiras. Em geral, quando lhes era concedido algum espaço cênico, este vinha para reforçar estereótipos, a partir do direcionamento dos atores/atrizes negros/as a papéis secundários e pejorativos. Havia, segundo ele, uma rejeição do negro como “personagem e intérprete, e de sua vida própria, com peripécias específicas no campo sociocultural e religioso, como temática da nossa literatura dramática.” (Nascimento, 2004, p. 210).


Em 2019, surge no estado da Bahia, no município de Feira de Santana, a 108 km da capital, o NUMTEP - Núcleo Moviafro de Teatro Preto. Formado por atrizes, atores, bailarinos/as negros/as e afros criadores que fundamenta seu processo de criação nos princípios contemporâneos do teatro negro, politica, cultura e militância. Objetiva fomentar o teatro em Feira de Santana na perspectiva afro, pensando questões de raça, classe e gênero, possibilitando espaço de atuação e discussão sobre cidadania e cultura negra. O NUMTEP traz o protagonismo negro para os palcos de uma cidade que apesar de ter a maioria da sua população negra, não se reconhece como tal, Feira de Santana está localizada entre o sertão e o recôncavo baiano e ostenta o titulo de maior entroncamento rodoviário do nordeste do Brasil o que lhe dá a condição de uma cidade plural artisticamente falando. Porém, com fortíssimo histórico afrodescendente, ver-se isso nas mais diversas comunidades quilombolas existentes aqui, além dos quilombos urbanos como Rua Nova, Tomba, Queimadinha, Baraúnas entre outros, ela muitas vezes invisibiliza artistas, entidades, saberes e fazeres da matriz africana, situação que vem sendo combatida pela Moviafro já há alguns anos mais que ainda está longe de ser extirpada.




NUMTEP, que hoje é formado por 17 artistas, está sendo coordenado pela atriz e produtora Keu Costa e tem no seu elenco nomes como o de Andhy Oliveira, Marcinha Costa, Daniel Felipe, Taty Portela, Andréa Mattos e Lene Costa que já atuam, e com  Milena Calmon, Nath Dias e Eliana de Almeida que juntamente com os demais estão trocando experiências sobre a arte de representar. Mesmo com pouquíssimo tempo de formado, o núcleo já participou como convidado de importantes eventos no município, a exemplo do Projeto Novembro Negro Moviafro em 2019 ano do seu lançamento, Jornada Virtual UEFS 2020, 13ª FENATIFS 2020 e Jornada Pedagógica da Secretaria de Educação de Feira de Santana 2020, sendo que as três primeiras com a Performance Teatral “Dandara e Zumbi, de Palmares até aqui” e a ultima com a Performance de Dança “Raízes”. Ainda em 2020, concorreu também ao Edital Prêmio Cultura e Desenvolvimento Local, realizado pela ONG Favela é Isso Aí e patrocinado pela Belgo Bekaert Arames, ficando na suplência. Durante o período de pandemia, os encontros são virtuais através da plataforma Google Meet onde estão sendo apresentados e debatidos assuntos relacionados ao teatro, sobretudo ao teatro preto.






Existe uma perspectiva muito grande de serem realizadas audições para pessoas negras que tenham interesse de fazer parte não só do elenco mais também da equipe técnica, essas audições irão ocorrer de forma itinerante pela periferia de Feira de Santana assim que passar a pandemia, entretanto aqueles que desejarem saber mais sobre o Núcleo Moviafro de Teatro Preto, poderão entrar em contato através do WhatsApp ou e-mail abaixo.

WhatsApp: (75) 98842-5266

Email: moviafrofsa@outlook.com

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