A Moviafro é uma mulher preta.

Em 29 de julho, foi realizado o Encontro Moviafro de Mulheres Negras. Pelo sétimo ano consecutivo o evento faz alusão ao Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha e ao Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.


A cada edição, o EMMN apresenta um tema que norteia os debates, as discussões e todas as ações que ocorrem no evento. Também é formada uma mesa temática, denominada “Mesa Tereza de Benguela” que tem como objetivos oferecer lugar de fala para aquelas que são convidadas a participar e homenagear uma personalidade negra feminina local, nessa sétima edição, a homenageada foi a Ialorixá Maria das Graças Ferreira Santos, também conhecida como Mãe Graça de Nanã.

A homenageada

Professora aposentada, Pedagoga formada pela UEFS – Universidade Estadual de Feira de Santana, Mãe Graça é sacerdotisa do Centro de Culto Africano da nação Ketu, Ilê Axé Gilodefan, é ativista sociocultural que atua em defesa da liberdade de culto, contra todas as formas de racismo, intolerâncias e preconceitos, fundadora da ACRO – Associação Comunitária Religiosa Ramo de Oliveira, membra do NUMNEGRAS – Núcleo Moviafro de Mulheres Negras e está Coordenadora Regional da FENACAB – Federação Nacional do Culto Afro-brasileiro.

Hoje, a Moviafro é composta quase que em sua totalidade por mulheres negras conscientes do seu lugar na sociedade, mulheres negras que assumem o seu papel na resistência histórica contra o patriarcado, contra o colonialismo patriarcal também. A Moviafro percebe que o contexto político tem colocado as mulheres negras enquanto protagonistas da política institucional, então isso também tem sido uma pauta muito importante.



A Moviafro através do NUMNEGRAS, debate pautas que nos unifica, nos atravessa e que é colocada para mulheres racializadas, mulheres negras, que é o direito ao corpo, que é seu primeiro território. A liberdade desses corpos e desses territórios é uma pauta que nos unifica. O território livre da exploração capitalista, o território livre da exploração do agronegócio, a luta pela segurança, pela garantia da segurança alimentar e nutricional, e a geração de trabalho e renda. 

Ser uma mulher negra no Brasil é enfrentar questões e obstáculos que outros grupos da sociedade não enfrentam. O peso histórico do racismo e do machismo formam um sistema discriminatório na sociedade brasileira que faz com que as mulheres negras estejam longe de ser prioridade. Em 135 anos, desde a abolição da escravatura, ainda vemos muitos indícios de uma sociedade racista que inferioriza, principalmente, as mulheres. 

Duplo Preconceito e dupla jornada

O duplo preconceito, de gênero e de raça, sofrido pela mulher negra é visto nas pequenas e nas grandes atitudes. Criticas ao cabelo e aos traços físicos, uma mídia que ainda exibe um ideal de beleza único, frase que diminuem suas conquistas e a maior dificuldade em se colocar no mercado de trabalho. Diante da sociedade patriarcal, as mulheres são submetidas à função de manutenção do núcleo familiar. 

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A mudança está próxima

O primeiro passo para a mudança é dar voz às mulheres negras, para que elas possam falar sobre suas necessidades e seus anseios. Para que elas possam ser protagonistas das suas próprias historias, para que as suas historias não seja contadas por outras pessoas, elas já foram caladas durante muito tempo pela sociedade e agora, precisam ser escutadas. A Moviafro se coloca como rede de apoio para estruturar estratégias efetivas que dialoguem com essas necessidades. 

Então e assim sendo, a mudança está próxima porque a Moviafro Feira de Santana, é uma mulher preta.

Texto: Associação Cultural Moviafro

Imagens: Sergio Pedreira/Luiz Tito



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